segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Oncocercose


E uma doença parasitária causada pelo nematódeo Onchocerca volvulus também chamada "cegueira dos rios" ou "mal do garimpeiro", transmitido para o homem na forma de larva através da picada de insetos do gênero Simulium, popularmente conhecidos como borrachudos. No corpo do homem, seu hospedeiro definitivo são as larvas do parasita que desenvolvem formando adultos que podem chegar a aproximadamente cinco centímetros no caso dos machos e até 80 cm no caso das fêmeas, que se alojam sob a pele enoveladas em torno de si mesmas formando nódulos. Os machos podem circular pelo corpo do hospedeiro, migrando de nódulo em nódulo para fecundar as fêmeas, capazes de gerar até 3.800 larvas por dia. A oncocercose não é letal e os nódulos em si não causam prejuízo à saúde. Os danos causados à pele, como a gerodermite, que consiste na perda de elasticidade do tecido, têm origem na reação imunológica às larvas que circulam no corpo. O agravo mais sério causado pela oncocercose é a cegueira, que surge da reação inflamatória provocada pela morte das larvas.

Epidemiologia

O primeiro caso da doença foi registrado no Brasil em 1967 em uma criança que havia morado no território ianomami, em Roraima, na fronteira com a Venezuela, a partir deste caso inicial surgiu a suspeita de que poderiam existir outras ocorrências naquela região, sendo confirmado posteriormente. Os estudos sistemáticos da oncocercose no país começaram em 1974 e verificaram a condição endêmica da região amazônica. Em 1986 foi descoberto o primeiro caso da doença fora do território ianomami, uma jovem da cidade de Minaçu (GO), que nunca havia estado na área endêmica. Como a pesquisadora esclarece a teoria mais aceita para o surgimento da doença no Brasil indica que a oncocercose foi trazida por escravos africanos. "Exames do DNA das espécies de Onchocerca. volvulus encontradas nos continentes africano e americano, realizados na década de 1990, indicam que a hipótese mais viável é a da importação da doença através do tráfico de escravos", observa Marilza. A relação cordial dos índios com os escravos africanos que trabalhavam no garimpo é uma hipótese para explicar porque os ianomami, um grupo praticamente isolado, teriam contraído a doença, os locais de garimpo, que são os leitos dos rios, são criadouros das espécies de simulídeos capazes de transmitir o verme causador da oncocercose".

Ciclo de Vida

As formas adultas parasitam o ser humano, alojando-se em nódulos no tecido conjuntivo, por baixo da pele ou no tecido adiposo formando o oncocercoma. No local eles se reproduzem sexualmente e durante varios anos gerando inúmeras larvas minúsculas ou microfilárias, quase invisíveis a olho nu. Estas se disseminam aparecendo por todo o corpo: por baixo da pele, dentro dos olhos, na linfa algumas surgem no sangue.

Progressão e Sintomas

Normalmente ocorrem lesões dermatológicas agudas ou crônicas, que aparece aproximadamente um ano do acometimento da infecção, surgem os sintomas relativos à reação contra as formas adultas. O seu alojamento debaixo da pele leva à sua encaspulação reativa do organismo, gerando nódulos palpáveis, com cerca de alguns centímetros de diâmetro, mais facilmente detectados, não há usualmente outros sintomas excepto o possível efeito inestético de alguns nódulos. O inicio da produção das microfilárias ocorre o aparecimento de sintomas mais graves. à sua disseminação pelo sangue e linfa ocorre prurido e vermelhidão na pela, presença de pápulos e surgimento de zonas despigmentadas e adenopatias (inchaço dos gânglios linfáticos), além de febre. Se as filárias migrarem para o olho causam reações de fibrosação e acumulação de complexos de anticorpos que levam primeiro à conjuntivite  com fotofobia e eventualmente à perda da visão e finalmente cegueira absoluta, freqüentemente em ambos os olhos. Mais raramente pode ocorrer elefantiasa escroto e membros inferiores se houver nódulos que obstruam os canais linfáticos provenientes dessa região.

Método Diagnóstico

Os exames estão disponíveis na rede pública de laboratórios para confirmação ou descarte de casos. A suspeita clínica deve ser baseada nas manifestações dermatológicas ou oftalmológicas aliadas à caracterização epidemiológica e o diagnóstico específico é feito por: identificação de vermes adultos retirados cirurgicamente dos nódulos; identificação de microfilárias em amostras de pele colhidas por biópsia; exames oftalmoscópicos do humor aquoso; testes imunológicos (intradermorreação, imunofluorescência, ELISA, PCR). O método mais prático, simples e difundido é o exame microscópico de retalhos cutâneos coletados com punch, a fresco ou com fixação e coloração. A Coordenação Regional da FUNASA em Roraima realiza rotineiramente esse exame.

Tratamento

O tratamento da Oncocercose é realizado desde os anos 1980 com ivermectina, medicamento que inibe a produção de novas larvas ou microfilárias. Como a média de vida dos adultos é de nove a 12 anos, este é o período indicado para a duração do ciclo de tratamento, em duas doses anuais. A ivermectina é a base dos programas de erradicação da doença na África e Américas, que conseguiram reduzir substancialmente os casos da doença, esse medicamento não pode ser usada por gestantes, lactantes, crianças abaixo dos cinco anos de idade, pacientes com peso inferior a 15 Kg ou com complicações neurológicas. Atualmente, pesquisas investigam a ação da amorcazina, um remédio que seria eficaz também no combate dos vermes adultos e uma forma de bloquear com o uso de antibióticos a atividade de uma bactéria simbionte da O.volvulus, a Wolbachia, o que impediria a atividade do parasita infectante.

Prevenção

O uso de roupas que cobrem a maior parte da pele é aconselhado, assim como repelentes de insetos, usar mosquiteiros. Contudo a erradicação dos mosquitos com inseticidas é a única medida a longo prazo, e tem sido praticada em programas da OMS em locais endêmicos, assim como a administração em massa de fármacos antiparasíticos às populações, com bons resultados. Até há alguns anos, os governos tentavam aconselhar as pessoas a terem cuidado com os mosquitos do rio, mas essa campanha levou muitos a abandonar as terras férteis irrigadas e procurar outras menos produtivas onde muitas vezes passavam fome.

Importante: Não se medique por conta propria, procure uma unidade de saúde.

Referência:
http://www.cremerj.org.br
http://www.fiocruz.br
http://www.saude.go.gov.br


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